quinta-feira, 28 de março de 2019

No meio do caminho

E no meio do caminho tinha uma 

Flor... 

tinha uma flor, tinha uma flor... 

Reescrevendo poemas de outrora. E de Outro em outra hora. 

E seguindo aprendendo com as pedras e com as flores... 



E com as letras que as sucedem.


Dersu Uzala



Um belo filme soviético. Dersu Uzala! Um encontro humano, uma sabedoria que mantém a vida! A sabedoria de aprender com a natureza, com suas intensidades e diversidades. A sabedoria de se saber pequeno e ser grande. Tão grande quanto o possível. Como sair vivo de uma tempestade? Como sobreviver as feras da floresta numa noite longa? Como atravessar caminhos hostis? Como se abastacer ? Como aproveitar as horas de sol? O possível pode ser o bastante, por vezes sim, por vezes não. E seguimos pequenos diante da natureza, fazendo o possível que nos garante muita vida e muito crescimento.

A História Sem fim

A Fantasia, o brincar é um recurso importantíssimo na infância. O simbólico segue sendo importante ao longo de toda vida. A fantasia, vai evoluindo quando pode estar. Quando fadas, bruxas, monstros, matar, morrer, reviver e suas histórias podem ser brincadas, contadas, escutadas, acolhidas, segue-se em frente. E a esperança vive e a confiança na vida se renova. É dureza se ver só, porém essa condição não é uma determinação, acontece. E brincando, contando atravessamos essa solidão, essa condição de estar só com uma dor que não tem palavras. E assim encontramos, novas conversas, novos personagens e começamos a escrever nossa própria história, criar nossa própria vida. Quando estiver difícil brincar de matar, morrer, reviver... e ter esperança diante de monstros, a psicologia com a escuta psicanalítica entra como um recurso. Pois para os adultos que não puderam ser cuidados emocionalmente, por vezes será difícil enfrentar os monstros do filho, pois talvez tenha só dito que monstros não existiam, precocemente, enquanto eles ainda assombravam. E o filho falar que há monstros o apavora. E, então, falará a única coisa que o foi ensinado: dizer que monstros não existem e fugir de seus sentimentos. Se há monstros na fantasia, temos que vencer eles lá, para depois poder dizer que não existem. Para os adultos que ficam ainda assombrados com os monstros que não foram enfrentados na fantasia, também tem um caminho de esperança na escuta psicológica. Que venha um ano de amanhecer, florescer, de esperança, como a primeira flor depois do inverno, na metáfora. Ou na fantasia do primeiro céu, da coroa, depois de vencer o quinto dos infernos. E na realidade, opa está passando... deixa eu ir vivê-la. E criá-la. Até a próxima... fui brincar, ops. Viver, crer... (Mariana Bernardes Goulart, hoje, aqui e agora, brincado, vivendo, crendo, escrevendo).

https://www.fasdapsicanalise.com.br/o-nada-um-olhar-diferente-sobre-a-depressao-infantil-atraves-da-historia-sem-fim/?fbclid=IwAR0OLagu6i1jVWFhPqxuGlYjpm8hqijpWx_BpjZI6s7iLi3X9kQSjWbSM6A

A Horse with no name ; Tin man

Essa música faz eu me lembrar de tardes da infância. Tardes de Domingo. O sol se aproximando do oeste em frente à janela que brilhava. A varanda ensolarada. Um sol de despedida. A casa com o pai e com a mãe. Uma casa amarela. Com piso de tabuão. Com os cachorros deitados nas portas. A poeira que brilhava como estrela. A mesa do vô de madeira nobre, eu lembro o cheiro e a cor da madeira. Eu lembro do sabor desse tempo. Eu tenho o cheiro das cores. A visão da música e a audição do que não se ouvia. São tempos passados. A mesa do vô está aqui. Eu e a música também. O resto é saudade e gratidão.

https://www.youtube.com/watch?v=4N-OiKzZjws

https://www.youtube.com/watch?v=XnUYZY9MSMQ&list=PLW9iqfaDQNAX_ngFczE3_vYI-Sw5CyWuj&index=1


terça-feira, 10 de abril de 2018

Nos passos,com as folhas que voam, com as raízes e com o sol


Preparando a folha da vida para uma daquelas poesias que sinto na alma, quando olho a vida, quando estou nos passos que caminho, quando estou com as folhas que voam, com o sol e seu raio que se mostra e me mostra, ou com a sombra da nuvem que passa. Que passe. Que eu continue vivendo e sentindo com o que passa. E que possa escrever para bem dizer. Enquanto isso, passa a voz suave de Caetano cantando London London...


terça-feira, 18 de julho de 2017

Forasteira em: Papo de delírio

                      O inconsciente me constrange, ele escapa pela boca, pelos olhos, nos atos.  Um estranho de mim mesma.
                              Minha mente inventa tanta imagem para dar visibilidade aos sentimentos, torná-los visíveis e dizíveis, que penso no resultado como loucura. Apenas a arte me absolveria. 
                            Sou uma refugiada que mora na arte e na escrita. Mas não sou artista. Falta para ser. Já morei na Filosofia e volto lá todo dia. Na psicologia tenho até minha própria casa, mas ainda falta. A existência é algo maior. Mas serão essas moradas passaportes ?
                         Às vezes penso em uma situação cômica: Eu psicóloga, na situação paciente, em consulta falando de uma eu pequena que está presa dentro de mim e com um machado abre meu peito de dentro para fora e inspira se expandindo, e a outra eu sai de mim. E nessa hora já não sei quem se livrou de quem. Tenho vontade de rir, pois isso é papo de delírio. Na análise, dito: “Por vezes, me sinto oprimida e apertada na minha forma cristalizada de lidar com alguns fatos. Desejo e necessito libertar minha criatividade e espontaneidade, da minha própria opressão”.
                       Mas a loucura não para por aí.  Tem a imagem do trauma engolido: Um bolo de arames farpados no estomago que para não machucar mais, dentro, urgia ser tirado para fora. Desembolado, e eu puxando de fora, e aos prantos, sentindo a garganta arder pelas histórias farpadas, enquanto eu me perguntava: Como isso entrou aí? E quando vai parar de sair?
                        Um dia parou.
                  Só a arte para me refugiar. Melhor buscar a via do desfecho cômico que do trágico, embora não me escape da visão o paradoxal da vida. E que eu pare de engolir arame farpado e de me prender dentro de mim. E enquanto me defendo do Simão Bacamarte, argumento: “Como se”.


Mariana B. Goulart